Em busca da luz... não a nossa, mas a dos outros!
Ana Paula Marques
Nos momentos em que me perco de mim, encontro no olhar de cada pessoa que se cruza comigo na rua, a esperança na humanidade e no dia de amanhã, que nos pode trazer a sabedoria necessária para aprendermos a ser pessoas verdadeiramente melhores, e não apenas uma versão melhorada de nós mesmos.
É na generosidade dos outros que encontro o alento para seguir, e maior força para continuar a perseguir o sonho de fazer acontecer, no sorriso de quem acredita que afinal ainda podemos sonhar, e que o sonho ainda tem o mesmo valor que tinha quando éramos apenas crianças e que considerávamos ser capazes de virar o mundo como muito bem entendêssemos, bastaria para tal, que o quiséssemos fazer!
Oh, tempo distante esse em que o sonho ainda comandava a vida, e um sorriso bastava para que se percebesse que estávamos a dizer a verdade, ou nem por isso.
Este é um tempo que não sendo tão afastado como nos pode parecer, permite já a sensação de uma distância quase galática, que nos mostra estas imagens em jeito de miragem longínqua, quase perdida no infinito de uma memória muito atrasada e quase perdida.
A vida é mesmo algo de tão efémero e tão precioso que devíamos tomar melhor conta dela, valorizar cada centésimo de segundo para melhor apreciar os minutos de verdadeira e intensa felicidade que se vive junto de quem se ama. Afinal como diria Charlie Chaplin:
“Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito curta, para ser insignificante”.
Absolutamente de acordo, a vida é demasiado curta para que a deixemos passar por nós sem fazer acontecer, e para isso precisamos de estar despertos e sobretudo de acreditar em nós e nos outros, temos que ser nós a mudança que gostaríamos de ver no mundo, se começarmos, rapidamente percebemos que esta postura pode ter um efeito contagiante.
A nossa postura, o nosso sorriso e a nossa retidão deverão ser as nossas defesas, no ataque deveremos sempre ter por perto a generosidade, a resiliência e a vontade de fazer melhor, ser mais sem menosprezar ninguém, crescer sem prejudicar o outro, e viver por mim sem preocupação de ser mais ou menos do que ninguém.
A luz do outro nunca me poderá ofuscar, porque cada um dos outros tem a sua luz muito própria e intensa, que se permitirá brilhar, assim nós consigamos deixar que ela se ilumine, cresça e resplandeça para que todos a possamos apreciar, deixando-nos deleitar com a luz de cada um dos seres com quem partilhamos as nossas vidas, em casa, no trabalho, com os amigos.
Alguém me dizia um dia, que o povo holandês tem uma filosofia de vida muito interessante que é: vive e deixa viver, e assim serás feliz. Ou seja, cada um no seu espaço e vida, em partilha, mas sem apertos nem atropelos, há de tudo para todos assim queiramos. Somos nós quem destrói ou mata, pelo que também deveremos ser nós a construir e a viver, promovendo também a feliz vivência dos outros.
Acredito que no dia em que todos consigamos perceber que não somos felizes com a desgraça dos outros, nem que precisamos de ter mais do que os outros para sermos mais felizes, nesse dia, se porventura a raça humana conseguir esse feito, então poderemos ser todos como os holandeses, vivendo felizes e permitindo que os outros também o façam.