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Pensamentos.ao.vento

Assumo sem qualquer tipo de pudor o gosto imenso que tenho pela escrita, e pelo ato de escrever palavra após palavra... na construção de momentos de reflexão e procurando embelezar os nossos dias!

Pensamentos.ao.vento

Assumo sem qualquer tipo de pudor o gosto imenso que tenho pela escrita, e pelo ato de escrever palavra após palavra... na construção de momentos de reflexão e procurando embelezar os nossos dias!

05
Ago20

Em busca da luz... não a nossa, mas a dos outros!


Ana Paula Marques

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Nos momentos em que me perco de mim, encontro no olhar de cada pessoa que se cruza comigo na rua, a esperança na humanidade e no dia de amanhã, que nos pode trazer a sabedoria necessária para aprendermos a ser pessoas verdadeiramente melhores, e não apenas uma versão melhorada de nós mesmos.

É na generosidade dos outros que encontro o alento para seguir, e maior força para continuar a perseguir o sonho de fazer acontecer, no sorriso de quem acredita que afinal ainda podemos sonhar, e que o sonho ainda tem o mesmo valor que tinha quando éramos apenas crianças e que considerávamos ser capazes de virar o mundo como muito bem entendêssemos, bastaria para tal, que o quiséssemos fazer!

Oh, tempo distante esse em que o sonho ainda comandava a vida, e um sorriso bastava para que se percebesse que estávamos a dizer a verdade, ou nem por isso.

Este é um tempo que não sendo tão afastado como nos pode parecer, permite já a sensação de uma distância quase galática, que nos mostra estas imagens em jeito de miragem longínqua, quase perdida no infinito de uma memória muito atrasada e quase perdida.

A vida é mesmo algo de tão efémero e tão precioso que devíamos tomar melhor conta dela, valorizar cada centésimo de segundo para melhor apreciar os minutos de verdadeira e intensa felicidade que se vive junto de quem se ama. Afinal como diria Charlie Chaplin:

“Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito curta, para ser insignificante”.

Absolutamente de acordo, a vida é demasiado curta para que a deixemos passar por nós sem fazer acontecer, e para isso precisamos de estar despertos e sobretudo de acreditar em nós e nos outros, temos que ser nós a mudança que gostaríamos de ver no mundo, se começarmos, rapidamente percebemos que esta postura pode ter um efeito contagiante.

A nossa postura, o nosso sorriso e a nossa retidão deverão ser as nossas defesas, no ataque deveremos sempre ter por perto a generosidade, a resiliência e a vontade de fazer melhor, ser mais sem menosprezar ninguém, crescer sem prejudicar o outro, e viver por mim sem preocupação de ser mais ou menos do que ninguém.

A luz do outro nunca me poderá ofuscar, porque cada um dos outros tem a sua luz muito própria e intensa, que se permitirá brilhar, assim nós consigamos deixar que ela se ilumine, cresça  e resplandeça para que todos a possamos apreciar, deixando-nos deleitar com a luz de cada um dos seres com quem partilhamos as nossas vidas, em casa, no trabalho, com os amigos.

Alguém me dizia um dia, que o povo holandês tem uma filosofia de vida muito interessante que é: vive e deixa viver, e assim serás feliz. Ou seja, cada um no seu espaço e vida, em partilha, mas sem apertos nem atropelos, há de tudo para todos assim queiramos. Somos nós quem destrói ou mata, pelo que também deveremos ser nós a construir e a viver, promovendo também a feliz vivência dos outros.

Acredito que no dia em que todos consigamos perceber que não somos felizes com a desgraça dos outros, nem que precisamos de ter mais do que os outros para sermos mais felizes, nesse dia, se porventura a raça humana conseguir esse feito, então poderemos ser todos como os holandeses, vivendo felizes e permitindo que os outros também o façam.

22
Mai20

Uma Edição limitada...


Ana Paula Marques

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Não é apenas porque nasci neste espaço temporal, mas de facto os nascidos entre os anos 50 e 80 do século passado, nasceram num tempo que foi responsável por ver desabrochar e ver crescer aquela que foi uma geração de pessoas muito especiais.

Atrever-me-ia mesmo a afirmar que os nascidos neste período pertencem a uma edição limitada de seres humanos, em face das circunstâncias e do espaço temporal em que lhes foi permitido nascer e crescer, e no fundo o que fez de nós seres especiais, importa dizer isso ao mundo.

É bem verdade que o tempo e as circunstâncias foram os nossos maiores aliados, e fizeram de nós esta geração tão especial, afinal quando éramos crianças podíamos andar de patins sem ter de usar joelheiras e/ou capacetes. As manchas negras que por vezes nos apareciam nos joelhos ou nos tornozelos, ou em qualquer outra parte do corpo, não eram fruto de violência, eram apenas o resultado dos nossos processos de aprendizagem, e de quedas e maus jeitos que dávamos quer fosse a aprender a andar de bicicleta, nas corridas com os amigos, ou em milhentas outras brincadeiras.

Uma bênção gigante que esta geração teve, porque podíamos divertir-nos na rua sem a preocupação dos raptos, brincávamos na inocência pura de quem é criança e não consegue perceber maldade em nada, provavelmente porque não estava também tão propagado o medo na sociedade.

O que é facto é que não tínhamos medo de brincar na rua com os amigos, muitas vezes até escurecer, e os nossos pais também não tinham receios dessa natureza, sabiam que estávamos bem.

Não tínhamos qualquer problema em partilhar os nossos brinquedos com os amigos e até de os emprestar para que os levassem para casa e depois nos devolvessem, esta prática perdeu-se no tempo, a verdadeira partilha dos brinquedos e a devolução ao dono no fim do tempo combinado para levar o brinquedo emprestado. Não havia necessidade de portas de proteção blindadas em nossas casas, nem os medicamentos careciam de tampas de proteção de segurança para crianças.

Brincar de pé descalço não fazia mal aos pés, para além de lhes conferir alguma sujidade, era apenas pura brincadeira e contacto real com a terra… nem sequer havia a necessidade de suplementos alimentares para aumento do apetite, quantos de nós criamos os nossos próprios brinquedos como os aviões ou os barcos de papel. E que beleza e simplicidade tinham estes inocentes brinquedos.

É verdade que não existiam portáteis, nem computadores e menos ainda smartphones, mas o que é um facto também é que tínhamos verdadeiros amigos, reais companheiros das brincadeiras e tantas vezes também dos disparates que apenas nas nossas mentes passavam, muitos desses amigos que guardamos para a vida. Quantas histórias para contar.

Não precisávamos de avisar os amigos quando os queríamos visitar, aparecíamos e pronto, não havia essa necessidade, era instituído que se podia aparecer na casa dos amigos para brincar. Avisar? Não era necessário, nós considerávamo-nos parte da família dos nossos amigos, afinal como diz o povo: “os amigos são a família que escolhemos”, certo?

Contudo, também é verdade que aprendemos a ser responsáveis pelas nossas ações, e sobretudo preparados para assumir as consequências de quando errávamos ou estávamos menos bem em determinada situação.

A verdade é que tínhamos a liberdade da responsabilidade, e as oportunidades, que fizeram de nós pessoas de uma grande alma.

Diria mais, nós somos provavelmente a última geração que escutou os seus pais e que se permite ouvir também os seus filhos.

Que não nos esqueçamos de dizer mais vezes “obrigada” e “gosto de ti” que a nossa vida reflita a bênção que tivemos por ter nascido neste tempo em que ainda era tão bonito ser criança, e que o nosso exemplo sirva para ajudar a construir um mundo melhor, mais sublime e mais generoso, tal e qual como a nossa infância foi, harmoniosa e pura.

Somos uma geração incomparável que teve à sua disposição as melhores oportunidades temporais dos últimos anos, e crescemos antes destes tempos de medo, receios e desconfianças, em suma destes tempos que agora vivemos.

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