Solidariedade... o desejo de ir em direção ao outro!
Ana Paula Marques
Quando pensamos um pouco sobre a nossa origem enquanto seres humanos, nada é límpido nem linear. Há, contudo, uma questão que é transversal a todos os seres humanos e, ao longo da história, que é a solidariedade. De uma forma ou de outra, de um modo mais genuíno ou nem por isso, já todos fomos solidários ao longo da nossa vida.
Se fizermos uma breve resenha histórica e de acordo com a Wikipédia “Humano é um termo que deriva do latim "homem sábio", ser humano, ser pessoa, gente ou homem, é a única espécie animal de primata bípede do género Homo ainda viva.”
Acompanhando esta definição, em termos de síntese histórica poderemos perceber que, daqui pode advir de algum modo a nossa consciência social, apesar de por vezes parecer abandonar-nos enquanto seres humanos, porventura a característica solidária que há em nós terá a sua génese neste conceito, mantendo presente na nossa mente a relevância da solidariedade na existência humana.
Porque afinal, se recordarmos o que aprendemos sobre a formação da raça humana, a humanidade desde sempre se habituou a colaborar entre si, na luta pela sobrevivência, através da caça e da pesca, aprendendo a defender-se a si e aos seus, na luta por uma vida melhor, e assim, apesar do instinto de sobrevivência, a solidariedade foi sempre uma característica que acompanhou o ser humano.
Ainda de acordo com a Wikipédia em temos históricos, a espécie humana “surgiu há cerca de 350 mil anos na região leste da África e adquiriu o comportamento moderno há cerca de 50 mil anos. Entretanto, evidências arqueológicas publicadas em 2017 sugerem que a humanidade pode ter se espalhado por todo o continente africano ainda antes, há cerca de 300 mil anos.”
É por isso muito interessante perceber, de acordo com alguns investigadores desta temática, que nós enquanto elementos desta espécie humana, somos possuidores de um cérebro muitíssimo expandido, possuidor de inúmeras capacidades como o raciocínio abstrato, ou a linguagem, a introspeção e a resolução de problemas complexos. E consequentemente teremos desenvolvidas outras capacidades humanas que nos distinguem, mas que também nos enriquecem enquanto seres humanos.
Afinal, milhões de anos depois, continuamos a colaborar e a manter o espírito de união entre a humanidade, naturalmente salvo algumas exceções. É verdade que talvez não o façamos todos os dias, mas por natureza somos solidários.
Há mesmo quem defenda que esta é uma das nossas melhores características enquanto espécie humana.
A questão que se coloca pode ser a do porquê, por que sentirmos a necessidade de colaborar? O que nos impele a cooperar com os outros? Eu diria que, por vezes é quase indissociável de nós, quase faz parte do ser humano esta faculdade/habilidade que todos temos, ainda que alguns a tenham mais desenvolvida do que outros.
“O desejo de ir em direção ao outro, de se comunicar com ele, ajudá-lo de forma eficiente, faz nascer em nós uma imensa energia e uma grande alegria, sem nenhuma sensação de cansaço.”
Os motivos e as razões por que ajudamos, esses já podem ser variados e discutidos, mas aqui gostava apenas de equacionar ou considerar a boa vontade que existe neste espírito colaborativo, que nos distingue dos restantes habitantes do Planeta, por isso seremos racionais? Ou será que a racionalidade nada tem a ver com a solidariedade?
Eu diria que sim, que a racionalidade nos ajuda a perceber que enquanto sociedade, e consequentemente enquanto indivíduos temos todos muito mais a ganhar, e a evoluir se formos solidários.
A solidariedade pode ser uma das nossas maiores virtudes enquanto seres humanos, de preferência a solidariedade autêntica, a que se pratica sem causar grande alarido, na sombra dos gestos que se escondem na nossa generosidade humana.
Afinal:
“Cada um é responsável por todos. Cada um é o único responsável. Cada um é o único responsável por todos.” (Antoine de Saint-Exupéry)